domingo, 7 de agosto de 2011

Greve dos professores em Ipatinga

por Elisabeth Mendes (*)
07/08/2011 00:00

A greve dos professores da rede municipal de ensino da cidade mineira de Ipatinga prossegue, dando mostras da determinação dos professores e da insensibilidade e incompetência do poder público.
O ex-presidente Lula sancionou em 2008 a Lei do Piso Nacional dos Salários dos Professores do Brasil, o que na prática significa que para um professor iniciante na carreira e com curso superior, o valor é de mil e quinhentos reais; e para quem tem mais tempo na função, são adicionadas as vantagens adquiridas.
O prefeito Robson Gomes assinou um termo de compromisso com os professores comprometendo-se de pagar esse piso de forma gradativa e dividiu em parcelas os valores, de acordo com o salário e o tempo do professor na carreira. Contudo, ele não cumpriu com o pagamento da primeira parcela. As parcelas restantes deixaram de ser pagas, sob a alegação de que a prefeitura está sem dinheiro.
Dessa forma, o sindicato vem tentando negociar, desde o ano passado, no sentido de evitar o recurso extremo da greve, já que da outra vez, para negociar a forma gradativa, foi necessária a mesma mobilização da classe.
A situação se agrava a cada dia, com quase 60 dias de greve, com greve de fome, e o prefeito continua insensível às reivindicações dos professores.
O que a imprensa noticia é que a prefeitura iniciou nessa quinta-feira (4) a contratação imediata de novos professores para garantir o cumprimento do ano letivo.
E com isso a administração municipal espera "garantir que os alunos não fiquem mais prejudicados" e convoca pais e responsáveis a encaminhá-los às salas de aulas.
É uma situação muito triste, ver a educação ser tratada com tanto descaso. Será que o prefeito e o seu secretário de educação administram assim os seus lares? Sem planejamento, deixando de reservar os recursos financeiros para as necessidades básicas, essenciais? Qualquer famí­lia bem estruturada sabe que é preciso estabelecer prioridades para garantir seu bem-estar. E dentro de um lar de pais responsáveis, a educação dos filhos vem na mesma prioridade que a alimentação e a saúde.
Numa família que planeja seus gastos, reservam-se os recursos para estes itens prioritários, sempre, mês a mês, em cada dia da vida dessa famí­lia.
A comparação da administração pública com uma família pode ajudar aos pais e responsáveis, que têm filhos matriculados nas escolas municipais de Ipatinga, a compreenderem a legitimidade da greve dos professores.
A prefeitura não honrou o compromisso assumido com os professores de pagar o piso em forma gradativa, em parcelas, das quais apenas uma foi paga.
Planejamento é fundamental em toda área administrativa. Não deveria haver, na administração de uma cidade, de um Estado, de um país, nenhuma obra, nenhum investimento mais importante do que a educação.
Alegar que a prefeitura não tem dinheiro, é conversa "pra boi dormir". E já vai longe o tempo em que o povo brasileiro, comparado a gado cerceado nos currais eleitorais, vivia sob o jugo da ignorância, manipulado e conduzido para o abate promovido pelos coronéis que lhe decidia o destino.
Pais, responsáveis, alunos e toda a comunidade devem se unir neste momento aos professores da rede municipal de Ipatinga, incorporando-se à luta, que é justa e fazendo valer o direito a uma educação de qualidade, com professores bem remunerados. Porque, enquanto se mantiverem educadores ganhando salário de miséria, ao lado de políticos embolsando fabulosas somas no final do mês, fruto de falcatruas, desvios e reajustes salariais votados por eles mesmos, a educação não atenderá ao que propõe a Constituição Federal.
Senhores pais, responsáveis e sociedade como um todo, não virem as costas professores. Digam um não bem sonoro aos polí­ticos de sua região, que não ficam do seu lado no momento de lutar pelo que é justo, pelo que é de direito do cidadão de Ipatinga.

(*) Elisabeth Mendes é funcionária pública estadual aposentada.

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