quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Escolas de Ipatinga têm o pior e o melhor Ideb do Vale do Aço

por Antônio Nahas (*)

17/08/2011 00:00


O padrão de qualidade da nossa educação exibido no século XX não pode continuar, sob pena dele se tornar um problema que emperre o crescimento do país. As novas gerações que vão surgindo tem que aprender muito mais, de forma mais eficaz e se preparar para absorver as novas tecnologias que surgem a cada dia. As escolas privadas estão se adaptando rapidamente. Já o Governo Federal tem procurado turbinar a qualidade da educação básica.
Não é tarefa fácil porque tanto os Estados quanto os municípios estão envolvidos e combinar ações que movam esta montanha diferenciada de profissionais é realmente uma parada dura.
O Ministério de Educação e Cultura - MEC - trilhou um caminho engenhoso e desenvolveu uma metodologia para medir a qualidade do ensino em cada escola do Brasil, chamada IDEB ? Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira. O indicador é calculado com base no desempenho do estudante no teste denominado Prova Brasil, que é aplicado na quarta e oitava série do ensino fundamental e na terceira série do ensino médio. São testes de português, com ênfase na capacidade de leitura e em matemática. É levado em conta também a freqüência do aluno e a repetência.
A grande vantagem desta metodologia é que os professores, os diretores, os secretários de educação e o próprio MEC podem saber qual o desempenho de cada escola do país. O MEC remete os resultados para a comunidade escolar e fixa ainda metas a serem alcançadas anualmente por cada unidade.
É um processo muito rico porque, entre outras razões, permite a comparação do desenvolvimento das escolas entre si e, em última instancia, avaliar a capacidade de gestão das secretarias de educação e das diretoras das escolas.
Tem mais uma coisa: quem entrar no site do MEC e clicar em IDEB vai ver lá embaixo escrito: consulte o IDEB da sua escola. Qualquer um pode saber os índices de desenvolvimento da sua escola para os anos 2005, 2007 e 2009, bem como as metas anuais que foram fixadas.
Com base naqueles dados, foi possível construir a tabela abaixo:

IDEB DAS ESCOLAS MUNICIPAIS
2005 2007 2009
TIMÓTEO 4,6 4,6 5,3
IPATINGA 4,0 4,3 5,1
FABRICIANO 4,1 4,1 5,0


Os números acima representam a média dos IDEBs das escolas municipais de cada um dos municípios, tanto no ensino fundamental quanto no básico. Para o MEC, seis é uma ótima média e fixou-a como meta a ser alcançada pelo pais para o ano de 2022.
Os números abaixo revelam que o ensino de Ipatinga foi o que mais evoluiu no período. Estava abaixo de Fabriciano, mas conseguiu ultrapassar as escolas daquele município, embora ainda se encontre abaixo de Timóteo.
Ipatinga exibe a escola com o melhor IDEB da região: Escola Municipal Maria Rodrigues Barnabé, com a nota 6,7.
Mas estão aqui também aquelas com o pior índice: as Escolas Cristina Pereira e Terezinha Nivia de Oliveira Lopes, com a nota 4,0. As piores de Ipatinga tiveram uma nota muito abaixo das piores de Fabriciano ( 4,5) e Timóteo ( 4,7).
Enfim, Ipatinga está no céu e no inferno ao mesmo tempo: possui as piores e a melhor nota entre todas. Os números da avaliação estão mais dispersos uns dos outros, revelando que os estudantes das diferentes escolas estão recebendo padrões bem distintos de educação, o que não era de se esperar. Certamente, a localização da escola e a sua inserção social influenciam o indicador. Porém, influenciam tanto em Fabriciano quanto em Timóteo, logo, não há razão aparente para médias tão baixas.
A Secretaria de Educação dos municípios deveria fixar o IDEB das escolas na porta de cada uma delas. A comunidade tem o direito de saber a quantas anda a educação que os seus filhos recebem. A prova Brasil permite que se avalie o desempenho das salas de aula, dos professores e a infraestrutura da escola.
O levantamento e análise destes dados permitiria até mesmo reavaliar o critério de remuneração dos professores e diretores, levando-se em conta o mérito. Os melhores
diretores e professores deveriam ter seu papel reconhecido e sua remuneração elevada. Ao contrário, aqueles cuja contribuição é negativa, que atrasam o início das aulas; que sejam faltantes contumazes; que não preparam as suas aulas; que não procuram se reciclar, enfim, que não se dedicam à sua profissão, deveriam ser simplesmente afastados.
Talvez a mudança na forma de remunerar os profissionais do ensino venha até mesmo a diminuir as greves que assolam a educação. A verdade é que toda greve traz prejuízos insanáveis para o aprendizado dos alunos. Independente da justeza ou não das reivindicações, a interrupção do aprendizado dificulta a transmissão do conhecimento, força a alteração do calendário escolar e obriga a reposição de aulas nas férias.
Com a mensuração da produtividade na educação, teríamos um critério objetivo de remuneração, o que poderia evitar tantos momentos difíceis vividos pela comunidade escolar.
O ideal seria que ao lado do IDEB as Prefeituras disponibilizassem o custo de cada escola.
Em novembro, a prova Brasil será novamente aplicada. Vamos torcer para que os resultados continuem a evoluir.

(*) Antônio Nahas Jr. é economista
antnahas@yahoo.com.br

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