quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Viagem a Amsterdã

Durante algum tempo, virou moda. Todo candidato que se arriscava a um debate com seu adversário, fosse na TV, no rádio ou sobre um tablado montado em qualquer praça, deparava-se com a inevitável pergunta:
- O senhor já fumou maconha?
Mais do que demonizar a cannabis, tentava-se demonizar o candidato maconheiro. Lógico, a maioria, com exceção de Bill Clinton, nunca havia fumado, sequer havia visto, nem sabia como era.
Outros, mais ousados e menos hipócritas, como Fernando Gabeira, que experimentaram a liberalidade europeia, retornaram do exílio defendendo a descriminalização da maconha e outras ideias avançadinhas, como a união civil de homossexuais. Foram crucificados durante algum tempo, mas depois caíram no esquecimento.
Tempos depois, eis que o parlamento brasileiro decide acabar com a pena de prisão para o usuário de droga. Não chega nem perto da descriminalização, mas já é um avanço. Diante do progresso, mesmo o então deputado Fernando Gabeira, paladino da legalização, depois de várias ameaças de processo por apologia às drogas, não quis se arriscar ao ser indagado por um repórter se já havia fumado maconha. Admitiu que fumava, mas completou, espertamente: "Me limito a fumar nos lugares onde a maconha não é proibida. Em Amsterdã, por exemplo".
Dá até para imaginar Gabeira "fissurado" e de malas prontas, numa manhã de sábado, avisando à companheira:
- Amor, dá um tempo aí, que vou ali "dar uma bolinha".

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