quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Águas da Samarco

Águas da Samarco É mercúrio é ferro é o caminho do fim é um resto de corpo é um povo sozinho é cadáver de peixe é cadáver de gente é a morte é a morte é a morte é a morte é peroba na cara é cinismo é balela é pra ir pra cadeia, não foi acidente São águas da Samarco intoxicando o Rio Doce correnteza de morte, dor e destruição é dindin nas campanhas é silêncio na mídia é tudo ao vivo em Paris, em Minas tudo editado é um pingo de assunto é uma conta sem dono é espécie extinta é prata de Potosí é o cobre do Chile é escravidão do carvão é a excelência que tem a iniciativa privada é a soja é a cana o estilhaço na alma é o resto da casa é a tribo no trilho é o carro engolido é a lama é a lama É alumínio é cobre é o caminho do fim é um resto de corpo é um povo sozinho é a lama da Vale amargando o Rio Doce é promessa de morte pra próxima geração é paródia mal feita que não é de cantar é de gritar escrita sobre os mortos e desaparecidos sobre a natureza morta e desaparecida meus sentimentos, Minas meus pensamentos, Minas meus braços, Minas meus versos, Minas Imagens marcadas à ferro nas retinas Minas em meus olhos jorram jorram jorram Era anunciada sua tragédia, Minas eles sabiam, agora sabemos do caos à lama da lama ao caos ô Josué eu nunca vi tamanha desgraça do caos à lama da lama ao caos um povo roubado muitos povos roubados não nos enganemos mais povos roubados não esperemos mais povos roubados nada virá deles só mais roubo só mais rombo É chumbo é bário é o caminho do fim é um resto de corpo é um povo sozinho é a lama da Vale amargando o Rio Doce é promessa de morte pra próxima geração Minas o que sai de suas minas ao invés de enriquecer seu povo enriquece uns poucos fartura há só de estrago partilha há só de prejuízo excesso há só de sede o minerioduto que passa debaixo de sua terra Minas e suga a água da torneira das casas leva seus minérios pra longe daqui pra outras freguesias pra outras burguesias e burguesia é tudo igual só muda o idioma que usam pra explorar pessoas e terras então vamos povos roubados juntos aprender como dizer CULPADOS em todos os idiomas pra escancarar quem é que rouba quem aprender como dizer REVIDE em todos os idiomas REVIDE reparou? pra burguesia nunca falta nada mas pra quem vive do Rio Doce falta é verbo que não falta nas frases é verbo doído, verbo danado falta agora o rio sagrado e se “morre rio, morremos todos” morremos todos morremos todos morremos todxs compadecer-se é pouco lágrimas não limparão o rio rezas não purificarão o rio só a luta muda o curso do rio intoxicado da História -- Poema: Lucas Bronzatto / Foto: Antônio Cruz

Nenhum comentário:

Postar um comentário