seg,
2012-10-08 20:01 — Marcelo
Ele
cumpriu a promessa de governar para as maiorias e mostrou que a
História não tinha terminado. Por isso (não por seus erros) as
oligarquias da Venezuela e de todo o continente latino-americano o
detestam… e usam dos meios de comunicação dia e noite para
atacá-lo
08/10/2012
Ignacio Ramonet
(ex-diretor do jornal Le Monde Diplomatique)
e Jean-Luc Melenchon
(candidato da esquerda nas eleições presidenciais da França)
(Tradução: Daniela Frabasile)
Hugo Chávez é, sem dúvida, o chefe de Estado mais difamado no mundo. Com a aproximação das eleições presidenciais de 7 de outubro, essas difamações tornaram-se cada vez mais infames, em muitos países.
08/10/2012
Ignacio Ramonet
(ex-diretor do jornal Le Monde Diplomatique)
e Jean-Luc Melenchon
(candidato da esquerda nas eleições presidenciais da França)
(Tradução: Daniela Frabasile)
Hugo Chávez é, sem dúvida, o chefe de Estado mais difamado no mundo. Com a aproximação das eleições presidenciais de 7 de outubro, essas difamações tornaram-se cada vez mais infames, em muitos países.
Testemunhavam
o desespero dos adversários da revolução bolivariana frente à
perspectiva de uma nova vitória eleitoral de Chávez.
Um
líder político deve ser valorizado por seus atos, não por rumores
veiculados contra ele.
Os
candidatos fazem promessas para ser eleitos: poucos são aqueles que,
uma vez no poder, cumprem tais promessas.
Desde
o início, a proposta eleitoral de Chávez foi muito clara: trabalhar
em benefício dos pobres, ou seja – naquele momento – a maioria
dos venezuelanos. E cumpriu sua palavra.
Por
isso, este é o momento de recordar o que estava verdadeiramente em
jogo nesta eleição. A Venezuela é um país muito rico, pelos
fabulosos tesouros de seu subsolo, em particular o petróleo. Mas
quase toda essa riqueza estava nas mãos da elite política e das
empresas transnacionais. Até 1999, o povo só recebia migalhas.
Os
governos que se alternavam, social-democratas ou democrata-cristãos,
corruptos e submetidos aos mercados, privatizavam
indiscriminadamente. Mais da metade dos venezuelanos vivia abaixo da
linha de pobreza (70,8% em 1996).
Chávez
fez a vontade política prevalecer.
Domesticou
os mercados, deteve a ofensiva neoliberal e posteriormente, graças
ao envolvimento popular, fez o Estado se reapropriar dos setores
estratégicos da economia.
Recuperou
a soberania nacional. E com ela, avançou na redistribuição da
riqueza, a favor dos serviços públicos e dos esquecidos.
Políticas
sociais, investimento público, nacionalizações, reforma agrária,
quase pleno-emprego, salário mínimo, imperativos ecológicos,
acesso à moradia, direito à saúde, à educação, à
aposentadoria… Chávez também se dedicou à construção de um
Estado moderno.
Colocou
em marcha uma ambiciosa política de planejamento do uso do
território: estradas, ferrovias, portos, represas, gasodutos,
oleodutos.
Na
política externa, apostou na integração latino-americana e
privilegiou os eixos Sul-Sul, ao mesmo tempo que impunha aos Estados
Unidos uma relação baseada no respeito mútuo… O impulso da
Venezuela desencadeou uma verdadeira onda de revoluções
progressistas na América Latina, convertendo este continente em um
exemplo de resistência das esquerdas frente aos estragos causados
pelo neoliberalismo.
Tal
furacão de mudanças inverteu as estruturas tradicionais do poder e
trouxe a refundação de uma sociedade que até então havia sido
hierárquica, vertical e elitista. Isso só podia desencadear o ódio
das classes dominantes, convencidas de serem donas legítimas do
país.
São
essas classes burguesas que, com seus amigos protetores e Washington,
vivem financiando as grandes campanhas de difamação contra Chávez.
Até chegaram a organizar – junto com os grandes meios de
comunicação lhes que pertencem – um golpe de Estado, em 11 de
abril de 2002.
Estas
campanhas continuam hoje em dia e certos setores políticos e
midiáticos encarregam-se de fazer coro com elas. Assumindo –
lamentavelmente – a repetição de pontos de vista como se
demonstrasse que estão corretos, as mentes simples acabam
acreditando que Hugo Chávez estaria implantando um “regime
ditatorial no qual não há liberdade de expressão”.
Mas
os fatos são teimosos. Alguém viu um “regime ditatorial”
estender os limites da democracia em vez de restringi-los? E conceder
o direito de voto a milhões de pessoas até então excluídas?
As
eleições na Venezuela só aconteciam a cada quatro anos, Chávez
organizou mais de uma por ano (14, em treze anos), em condições de
legalidade democrática, reconhecidas pela ONU, pela União Europeia,
pela OEA, pelo Centro Carter, etc. Chávez demonstrou que é possível
construir o socialismo em liberdade e democracia.
E
ainda converte esse caráter democrático em uma condição para o
processo de transformação social.
Chávez
provou seu respeito à vontade do povo, abandonando uma reforma
constitucional rejeitada pelos eleitores em um referendo em 2007.
Não
é por acaso que a Fundação para o Avanço Democrático [Foundation
for Democratic Advancement] (FDA), do Canadá, em um estudo publicado
em 2011, colocou a Venezuela em primeiro lugar na lista dos paí ses
que respeitam a justiça eleitoral.
O governo de Hugo Chávez dedica 43,2% do orçamento a políticas sociais. Resultado: a taxa de mortalidade infantil caiu pela metade. O analfabetismo foi erradicado.
O governo de Hugo Chávez dedica 43,2% do orçamento a políticas sociais. Resultado: a taxa de mortalidade infantil caiu pela metade. O analfabetismo foi erradicado.
O
número de professores, multiplicado por cinco (de 65 mil a 350 mil).
O país apresenta o maior corficiente de Gini (que mede a
desigualdade) da América Latina.
Em
um informe em janeiro de 2012, a Comissão Econômica para América
Latina e Caribe (Cepal, uma agência da ONU) estabelece que a
Venezuela é o país sul-americano que alcançou (junto com o
Equador), entre 1996 e 2010, a maior redução da taxa de pobreza.
Finalmente,
o instituto estadunidense de pesquisa Gallup coloca o país de Hugo
Chávez como a sexta nação “mais feliz do mundo”.
O
mais escandaloso, na atual campanha difamatória, é a pretenção de
que a liberdade de expressão esteja restrita na Venezuela.
A
verdade é que o setor privado, contrário a Chávez, controla
amplamente os meios de comunicação. Qualquer um pode comprovar
isso. De 111 canais de televisão, 61 são privados, 37 comunitários
e 13 públicos.
Com
a particularidade de que a parte da audiência dos canais públicos
não passa de 5,4%, enquanto a dos canais privados supera 61%…
O
mesmo cenário repete-se nos meios radiofônicos. E 80% da imprensa
escrita está nas mãos da oposição, sendo que os jornais diários
mais influentes – El Universal e El Nacional – são abertamente
contrários ao governo.
Nada
é perfeito, naturalmente, na Venezuela bolivariana – e onde existe
um regime perfeito?
Mas
nada justifica essas campanhas de mentiras e ódio. A nova Venezuela
é a ponta da lança da onda democrática que, na América Latina,
varreu os regimes oligárquicos de nove países, logo depois da queda
do Muro de Berlim, quando alguns previram o “fim da história” e
o “choque de civilizações” como únicos horizontes para a
humanidade.
A
Venezuela bolivariana é uma fonte de inspiração da qual nos
nutrimos, sem fechar os olhos e sem inocência.
Com
orgulho, no entanto, de estar do lado bom da barricada e de rerservar
nossos ataques ao poder imperial dos Estados Unidos, seus aliados do
Oriente Médio, tão firmemente protegidos, e qualquer situação
onde reinem o dinheiro e os privilégios.
Por
que Chávez desperta tanto rancor em seus adversários? Sem dúvida,
porque, assim como fez Bolívar, soube emancipar seu povo da
resignação. E abrir o apetite pelo impossível.
O
povo venezuelano deu o troco, mais de 80% do eleitorado votou. Um
fato inédito na história do país e das eleições em países
latino-americanos. E 55% deles deram mais seis anos ao presidente
Chávez.
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