Piau se deu mal
A semana começou na quinta (12), com a mesa-redonda sobre o Código
Florestal promovida pelo Programa de Educação Tutorial - PET Ciências
Sociais e da Natureza da UFTM. O debate contou com a participação de
dois pesquisadores, especialistas em questões ambientais, e do deputado
federal Paulo Piau (PMDB/MG), relator do projeto de lei que altera do
Código Florestal.
Apinhado, o auditório veio abaixo em vaias quando o parlamentar adentrou ao recinto. Piau (foto) deixou claro nas suas intervenções que está a serviço dos interesses do agronegócio (veja mais no post abaixo)
e que não vê problema algum em, sendo relator do Código, adimtir que
sua campanha em 2010 foi financianda pelo mesmíssimo agronegócio (reveja matéria publicada na época).
O deputado não se intimidou diante dos questionamentos feitos pelos
debatedores e pela plateia em geral, mas demonstrou uma marota
ignorância sobre contradições latentes no projeto, saindo pela tangente
ou simplesmente fugindo das perguntas.
Por sua vez, a UFTM demonstrou para quem quisesse ver qual é a função
social da universidade pública, qual seja, além de ser gratuíta e de
qualidade, produzir conhecimento a partir da elaboração crítica e do
envolvimento com a realidade, com a vida vivida.
Pois bem, a imprensa local dedicou uma cobertura incapaz de reproduzir
ou sintetizar o que de fato significou aquele momento. E foi além. Fez
questão de registrar numa notinha seu descontentamento com as atitudes
"desrespeitosas" da comunidade acadêmica, que lotou o Anfiteatro A da
UFTM:
Vaias
Alunos da UFTM vaiaram o deputado Paulo Piau durante mesa-redonda,
realizada na noite de quinta-feira, para debater o Código Florestal.
Fora os gestos obscenos feitos pelos alunos. Atitudes totalmente
imaturas e desrespeitosas, visto que a discussão é de extrema
importância para o País. Inclusive, Paulo Piau é relator do projeto que
será levado para votação do dia 24 de abril pela Câmara dos Deputados (veja a coluna na íntegra).
Totalmente absurda por privilegiar algo que nada tem a ver com o teor do
debate realizado, a notinha é verdadeira em ao menos dois aspectos: 1)
ao revelar o espanto de Piau e sua patota com a calorosa recepção; 2) ao
confirmar que a vaia recebida por Piau foi mesmo digna de nota.
MST em Uberaba
A guerra no campo segue sua marcha.
Na madrugada da última quarta (18), cerca de 80 famílias de
trabalhadores sem terra tentaram ocupar a fazenda Inhumas, em Uberaba. A
propriedade encontra-se em fase de arrendamento pela Usina Tijuco, a
mesma que demanda a posse da fazenda Cravos, também no Triângulo
Mineiro, onde recentemente foram assassinados três integrantes do MLST
(reveja a Nota Política do PCB).
A tentativa de ocupação fracassou graças à intervenção policial, que
transferiu para a delegacia em Uberaba as lideranças do movimento,
ligadas ao MST. As 80 famílias também foram transferidas e permanecem
acampadas na Praça Pio XII, no Gameleiras.
A edição de hoje do JM Online traz matéria sobre o assunto e a versão
dos trabalhadores sobre o episóido. De acordo com Edvaldo Soares dos
Santos, porta-voz das famílias acampadas no Gameleiras:
A Polícia Militar de Minas Gerais não respeitou o que o desembargador
determinou. Com cachorros e armamentos pesados, nos fizeram sair de lá
em poucos minutos. Já a nossa arma é a vontade de trabalhar. Por isso
nossas manifestações são pacíficas.
Segundo Edvaldo, o ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José
da Silva Filho, havia autorizado a permanência dos trabalhadores nas
terras da Inhumas. Orientação desprezada pela Polícia Militar, que, em
momentos com esse, exerce sua real função de força armada destinada à
preservação da propriedade privada, haja o que houver.
No entanto, o próprio Edvaldo confirma que a luta continua: "não vamos
desistir, pois causa indignação viver em um país onde tem
tanta terra e a gente não pode possuir um pouco dela para produzir nosso
sustento" (veja a matéria na íntegra).
Paralisação na UFTM
Docentes da UFTM cogitam aderir à paralisação nacional chamada pelo
ANDES-SN para a próxima quarta (25). Para tanto, convocam a Associação
dos Docentes da UFTM, seção local do ANDES, para participar do ato.
Num gesto pouco usual, são os docentes que chamam o sindicato à luta,
aliás, sindicato cuja atuação mais parece a de um clube de amigos, com a
organização de "happy hours" e confraternizações no Joquei Clube.
Os cortes crescentes promovidos pelo Governo Dilma, somados às
insuficiências locais da universidade, gestam uma insatisfação coletiva
que contamina cada vez mais os corredores e atividades da UFTM.
E os docentes da UFTM não estão sozinhos. Pipocam indicativos de greve
por todo o país. Ontem mesmo foi a vez da UFPR confirmar o seu (veja matéria).
Resta saber como se portará a ADUFTM (veja os eixos da pauta nacional do ANDES).
Gramsci e hegemonia
Vale a pena conferir o texto de Ricardo Costa, publicado na página da Fundação Dinarco Reis.
O artigo Antônio Gramsci e a construção de uma nova hegemonia
traz uma discussão interessante acerca da mobilização e da compreensão
atual do conceito gramsciano, sendo bastante útil em cursos e debates de
formação política.
Uberaba, 20 de abril de 2012
1922/2012 - 90 anos do PCB
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